quarta-feira, 19 de agosto de 2015

EMPOWERMENT

Empoderamento!


"Representa um processo de reconhecimento das raízes, criação e utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e comunidades em si mesmos e no meio envolvido.
Acréscimo de poder psicológico, sociocultural, político e econômico que permite aumentar a eficácia do exercício como cidadão negro na sociedade.
Todo cidadão negro deveria se empoderar.
Mude o quadro, busque!"
Thaís Murri

"Capacidade do indivíduo realizar, por si mesmo, as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer."
Paulo Freire

"Ausência de restrições externas que possibilitam a pessoa viver os seus valores."
Christian Welzel

"Significa uma ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Essa consciência ultrapassa a tomada de iniciativa individual de conhecimento e superação de uma realidade em que se encontra.
O empoderamento possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação politica. O empoderamento devolve poder e dignidade a quem desejar o estatuto de cidadania, e principalmente a liberdade de decidir e controlar seu próprio destino com responsabilidade e respeito ao outro."
Significados.com.br (http://www.significados.com.br/)

"Empoderar-se é um processo emancipatório, onde o indivíduo dá poder a si mesmo para viver a vida que escolheu. Quando a pessoa escolhe por se empoderar, ela fica consciente das decisões que toma para a sua vida, conhece suas capacidades e suas possibilidades de contribuição para o mundo. Dessa forma, se tornam mais criativas e produtivas, o que para a sociedade é ótimo, pois aumentando a capacidade produtiva dos seus cidadãos, alavancamos nosso crescimento econômico. O indivíduo empoderado vive de forma plena seus valores e tem alto senso de pertencimento e reconhecimento. tornando-se mais engajado socialmento e menos suscetível a manipulação."


O Coletivo Justiça Negra Luiz Gama tem como um de seus objetivos a promoção do empoderamento econômico e intelectual da Juventude Negra!
Para tanto, acreditamos que contribuir na emancipação mental de jovens negros através de formação intelectual, cultural e politica com ênfase em questões raciais, históricas e contemporâneas é o caminho a ser seguido para este fim. 
Selecionando os principais ícones da luta antirracista, ou temas discriminatórios articulados ao racismo em sua opressão, bem como incentivando líderes e fomentar reflexão nas atuais medidas de promoção de igualdade racial, bem como identificar desigualdades é a nossa forma de operar objetivando o alcance de nossas metas, nunca se furtando a outras técnicas de abordagem ou posicionamento ante as questões sociais, sempre com firmeza de propósitos e atitude. 

Entre alguns de nossos projetos destacamos três de linha academicista que possuem grande importância para nosso grupo e efetividade coletiva.




O Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas é o nosso "primogênito". Como somos um grupo formado em sua maioria por jovens oriundos da área do direito, nada mais natural do que iniciar um processo de crescimento e aprendizagem objetivando ocupar os espaços jurídicos, meio pelo qual acreditamos ser um dos pilares da manutenção do racismo institucional no Brasil. A escolha do Adinkra Onnim como siímbolo do curso se dá porque ele é o símbolo do conhecimento, vem do nome NEA ONNIM NO SUA A, OHU - Quem não sabe pode saber aprendendo, símbolo do conhecimento da aprendizagem permanente e da busca continua do saber. O Curso Onnim acontece aos sábados na CAARJ sob a coordenação das doutoras Giovana Mariano e Elaine Barbosa e o foco é o preparatório para jovens negros estudando ou graduados em direito, o curso é gratuito e devido a essa particularidade faltas não são toleradas. Para ingressar é necessário entrar em contato através do e-mail: educ.jnlg@gmail.com.




  Diálogos! A melhor forma de absorção de conhecimento é através da troca de informações, o compartilhar de ideias, e o Diálogos surge neste entendimento. 
 Conjunto de palestras intermitentes, que se propõe a trazer grandes ícones da militância negra ligados as mais diversas áreas para um contato com o público jovem, atuantes em coletivos, participantes de movimentos, convivas do ambiente universitário, estudiosos e pesquisadores da causa negra e humanitária.
 Diálogos se propõe ao que o nome se designa, dialogar e trocar informações pertinentes e necessárias para a construção de ideias. Os Diálogos possuem entrada gratuita e suas datas são anunciadas em nossas contas no facebook e no Google+.



 Projeto de extrema necessidade na construção de uma consciência sólida e plural do Movimento Negro como organismo de atuação militante, debate e emancipação do povo negro. 
 Com o intuito de fomentar a percepção crítica da condição da população negra no Brasil pós-abolição, são abordados na metodologia pontos práticos e teóricos. Isto é, o olhar acadêmico e as vivências práticas de ativistas com destaque nos movimentos sociais. No que couber, em análise de aproximação e distanciamento, serão observados os olhares étnicos: eurocentricos e afrocentricos. 
 Com duração estimada de 12 meses, divididos em módulos, sendo cada um destinado a um tema as inscrições para os módulos do curso são efetuadas através da página virtual e concretizadas posteriormente através de contato por e-mail.
 O acesso esta intimamente ligado ao objetivo central do coletivo, jovens negros e negras.
O Baobá do conhecimento
 O Baobá como árvore símbolo africana tem um significado importante em nossa visão. Sendo milenar e retentor de água, abriga em si as características de possuir uma raiz forte, a sabedoria e conhecimento que só o tempo pode dar.
 As folhas de nosso Baobá são formadas por pássaros, que durante o aprendizado abastecem-se de seus suprimentos, de sua água que a saber é sua essência de conhecimento, sabedoria reservada em seu interior.
 Quando instruídas, estas folhas alçam voo na forma de pássaros em revoada, deixando seu lugar de conforto no Baobá e saindo para se tornarem novos Baobás.
 
 Estes são alguns dos projetos em movimento no coletivo e outros virão, estamos em constante movimento por mudanças e crescimento intelectual, espiritual e profissional, venha com a gente!

Juntos pelo empoderamento da juventude negra!




terça-feira, 18 de agosto de 2015

Projeto Diálogos em Ação: O Coletivo Justiça Negra-Luiz Gama traz a discussão sobre o Sistema Jurídico e Raça no Brasil

Por Edson de Souza
Da esquerda para direita: Prof. Carlos Alberto Medeiros, Prof. Jorge da Silva, Dr. Bruno Candido e Dra. Giovana Mariano
Foi uma noite daquelas que usamos para guardar na memória e relembrar sempre que a caminhada ficar mais dura. Na terça-feira, 21 de julho, a CAARJ (Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro) sediou a primeira mesa, de uma série de DIÁLOGOS, um evento organizado pelo Coletivo Justiça Negra-Luiz Gama, que objetiva uma construção político/idealista intelectualizada da juventude negra, além de poder trazer para espaços acessíveis o debate sobre questões raciais visto do prisma de personalidades que militam neste campo já há um bom tempo.  Neste primeiro evento discutiu-se o racismo, segurança pública e ação afirmativa no Brasil e mais de 80 pessoas, entre jovens e adultos, participaram do evento.
A mesa estavam o ex-Secretário de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e atual professor da UERJ Jorge da Silva, o ativista, intelectual e jornalista Carlos Alberto Medeiros, e a advogada e coordenadora do coletivo do curso preparatório para carreiras jurídicas, Giovana Mariano de Jesus. Bruno Cândido Alves, advogado e diretor-geral da JNLG, moderou a mesa.
O plenário da CAARJ estava lotado
 O evento foi aberto pelo doutor Renan Aguiar, representante da CAARJ, e logo após a vice-diretora do coletivo, doutora Jamile Sepol, introduziu o JNLG e seu trabalho, em suas palavras, descreveu a missão do coletivo: “O objetivo do nosso coletivo é promover o empoderamento econômico e intelectual da juventude negra em especial. A ação deste projeto, Diálogos, é contribuir para a emancipação intelectual de jovens negros e negras através de formação política com ênfase nas questões raciais”. Em seguida, Jamile Sepol fez a leitura do samba “100 Anos de liberdade, realidade ou ilusão” da Escola de Samba da Mangueiratraçando paralelos entre a abolição da escravatura em 1888 e a adoção da Constituição democrática de 1988. Após a abertura o doutor Bruno Cândido chamou a mesa a doutora Giovana Mariano e esta fez a primeira apresentação, palestra sobre o patrono do coletivo, o advogado abolicionista, Luiz Gama, que ao longo de uma vida de lutas, privações e dificuldades, trabalhou para libertar mais de 500 escravos.
 Giovana Mariano de Jesus em sua fala trabalhou a trajetória de Luiz Gama de forma que destacasse ao publico a urgente necessidade de mais negros nas posições de destaque social, em especial a área do direito, afim de implementarem as mudanças sociais necessárias para o povo negro, também deixou claro que "Os ativistas podem não ver a mudança para qual eles tão arduamente trabalham". Ao fim da palestra foi exibido o marcante ato final do filme Selma, Uma Luta por Igualdade, e como um clamor ao público presente encerrou: “Existe um solo, e esse solo foi semeado e nós hoje estamos coletando os frutos, mas ainda tem terra para ser semeada, e nós podemos lançar sementes. E alguns de nós iremos colher o fruto que nós cultivamos e outros não. Outras pessoas colherão, mas não deixem de semear”.

A seguir, assumiu a mesa Jorge da Silva! Muito bem humorado, deixou claro que o "planejamento de sua palestra já havia ido todo embora", elucidou que dado a peculiaridade do evento, seria muito melhor tornar a sua participação uma conversa do que um debate formal. Ele então abordou em boa parte de sua fala, assuntos referentes ao seu livro: 120 Anos de Abolição, cujo o foco é o debate sobre o racismo estrutural. Em sua fala, discorreu sobre a dificuldade enfrentada na publicação de seu livro e deixou claro a sua satisfação em estar falando para uma platéia majoritariamente jovem. Expressou seu contentamento com a proposta do coletivo em não estabelecer sobre uma linha de reclamação: “Uma coisa é o chamado racismo individual, sofrido por mim, por ele, por um judeu, por um índio, por uma mulher, por um homossexual. Outra coisa é a discriminação individual, que é importante também, mas nós devemos nos preocupar mais com o racismo institucional que é estrutural. Porque o racismo estrutural é quase impossível de se perceber”. De forma irônica e sarcástica, citou os numerosos escândalos de corrupção no Brasil frisando a persistência do racismo estrutural, uma vez que não se vê entre os envolvidos, presos e acusados - beneficiários do esquema - pessoas negras. Ao fim enfatizou:“Esta questão [do racismo] é uma questão política, esta questão não é jurídica. Porque as leis e a prática do sistema são construções humanas, são construções das pessoas que têm poder, e raramente tem pessoas negras nestes lugares para construir a lei e praticar a lei”



O professor Carlos Alberto Medeiros, foi o último palestrante a assumir a mesa. Carlos Alberto construiu sua fala sobre a diferença entre a lei e a prática, e comparou histórias sócio-raciais dos EUA  com o Brasil. Desmistificou o imaginário comum do brasileiro de querer se ver como uma "Democracia Racial" contrastando com o “paradigma da discriminação” que descreveu os EUA durante o século 20. Enquanto negros eram legalmente obrigados a abandonar os seus lugares de ônibus para os passageiros brancos pela lei Jim Crow no sul dos EUA, em grande parte do Brasil, esperava-se que os negros fizessem a mesma coisa, uma vez que “as leis são muitas vezes meramente costumes sancionados pelo Estado”. Carlos Alberto frisou que a ideia do Brasil como uma democracia racial serviu para preservar a própria forma de supremacia branca do Brasil. “Essa ideia foi extremamente prejudicial porque de uma certa forma constituiu o aval para a continuidade da prática da discriminação. É muito simples: se nós não temos discriminação racial, se um branco racista discrimina um negro ele não está cometendo discriminação racial porque isso não existe no Brasil. Desta forma, uma coisa que não existe não deve ser combatida”, com isso usou o exemplo de assassinatos cometidos pela polícia para frisar este ponto. Enquanto o movimento Black Lives Matter surgiu nos EUA para condenar os preconceitos raciais da polícia e estão exercendo pressão política a nível nacional, a mídia e os políticos brasileiros têm ignorado o que a Anistia Internacional, os grupos locais, e um recente inquérito do Congresso chamaram de um genocídio contra jovens negros brasileiros.
Ao fim do evento, os livros do professor Jorge da Silva foram sorteados entre os presentes que puderam constatar o sucesso deste primeiro DIÁLOGOS, que deixou a gostosa expectativa dos outros que virão!
 Todo evento foi gravado pela Cultne e estão disponíveis no canal do grupo no Youtube e no seu site que você acessa clicando no link CULTNE.com.br - Acervo Digital de Cultura Negra.
Agradecimentos a todos os presentes que abrilhantaram o evento e aos parceiros que repercutiram de forma positiva esta ação, as repórteres Stephanie Reist e Roseli Franco que escreveram matéria para o site Rio on Watch (http://rioonwatch.org.br/?p=15102), A Amanda Martins que escreveu matéria para o Geledés (http://www.geledes.org.br/dialogos-evento-de-enaltecimento-e-empoderamento-a-juventude-negra-realizado-pelo-coletivo-justica-negra-luiz-gama/)